quinta-feira, 12 de dezembro de 2013

Posição do Partido Social Democrata relativamente às Opções do Plano e Orçamento da Câmara Municipal de Cabeceiras de Basto/2014


O Orçamento e as Opções do Plano são instrumentos de trabalho indispensáveis e basilares na ação de qualquer órgão governativo. Sem a sua existência fica em causa todo o trabalho e projetos de crescimento e desenvolvimento de um Município ou Estado.

Como todos sabemos, vivemos tempos de crise financeira, económica e social, tempos que exigem, da parte dos governantes, respostas globais, sérias, inovadoras, que possam constituir um alento suplementar que a todos auxilie na difícil travessia deste período difícil.

As autarquias são, no nosso entender, órgãos fundamentais ao serviço dos cidadãos pela capacidade de resposta que, um pouco por todo o lado, vêm promovendo, ao longo dos anos, a melhoria da qualidade de vida das populações. Aliás, é nesta premissa que reside a força do poder local democrático consagrado na Lei fundamental portuguesa.

Nesse sentido, as OP e o Orçamento da Câmara Municipal de Cabeceiras de Basto para 2014 deveriam, naturalmente dimensionadas ao Município e à capacidade da autarquia, consubstanciar uma política global de resposta à crise e aos reais problemas que mais afetam e afligem os cabeceirenses. As OP e o Orçamento deveriam ser também, se não na totalidade, pelo menos em parte a resposta para aqueles, particulares ou empresas, que se encontram em situação de maior fragilidade.

O Orçamento da Câmara Municipal de Cabeceiras de Basto para 2014, à semelhança do que sucede na esmagadora maioria dos municípios, será inferior ao de 2013, refletindo as restrições e os constrangimentos da situação que vivemos, quer nos gastos e nos investimentos, sempre decorrente da diminuição efetiva da receita. Contudo, no caso concreto do nosso concelho, o presente e o futuro estão fortemente condicionados pelos investimentos de um passado recente em que, ao longo de cerca de 20 anos, muito embora se tenham construído boas infraestruturas e equipamentos, não foi feito o devido planeamento e hoje, sem que tenham a utilização devida, esses equipamentos assumem custos de exploração e manutenção dificilmente sustentáveis.

As muitas obras feitas e os milhões de euros investidos não nos dotaram da capacidade de gerar riqueza, nem tão pouco foram capazes de projetar e desenvolver suficientemente as potencialidades do concelho ao ponto de melhorar de forma substancial as condições de vida dos cabeceirenses.

Não constitui, pois, surpresa que numa altura de naturais apertos orçamentais sejamos confrontados com um Plano de Atividades que, muito embora preveja intervenções importantes, necessárias e pertinentes, quer no que respeita à continuidade de obras já iniciadas, quer no que se refere a novos investimentos, fica, como consequência das opções tomadas e de todos os condicionalismos antes referidos, aquém daquilo que, do ponto de vista do Partido Social Democrata, seria o desejável e efetivamente necessário para Cabeceiras e para os Cabeceirenses.

Ressalve-se, contudo, o investimento previsto para áreas tão importantes como a ampliação/criação de rede de saneamento básico, o reforço e melhoria das condições de abastecimento de água, a melhoria e o reforço das condições e infraestruturas relacionadas com a recolha dos resíduos sólidos, perspetivando-se tais desideratos como uma aposta na tentativa de melhoria da qualidade de vida dos cabeceirenses.

Saliente-se ainda, como aspeto positivo, as intervenções previstas, embora já há muito reclamadas, ao nível da requalificação e beneficiação de algumas praias fluviais.

No que se refere às taxas de IMI e IRS, fazendo fé na proclamada saúde financeira da autarquia, apesar de reconhecermos a importância do sinal dado com a proposta de redução da taxa do IMI de 0,35 para 0,34, para os prédios urbanos, entendemos que a diminuição poderia e deveria ser mais audaciosa, bem como deveria também ter sido proposta uma redução da taxa de participação no IRS que no concelho de Cabeceiras de Basto continuará na taxa máxima de 5%.      

Ainda no que concerne à cobrança de taxas e licenças municipais é também nossa opinião que a Câmara Municipal, tendo em consideração o atual momento de profundas dificuldades económicas, poderia ter optado, pelo menos, pela não atualização das mesmas, facto que a verificar-se constituiria uma redução pouco significativa na arrecadação de receita para a autarquia mas funcionaria como um sinal claro da efetiva solidariedade do município para com os seus munícipes.

No que respeita à Basto Vida o Partido Social Democrata, em coerência com o que desde o primeiro momento vem defendendo, continua a manter profundas reservas acerca da forma como um conjunto demasiado significativo de competências fundamentais da Câmara Municipal são “transferidas” para esta Régie Cooperativa. Mais difícil ainda se torna compreender a proposta de protocolo a estabelecer entre as duas instituições e no qual se faz referência a um subsídio cujo valor nos parece demasiado elevado para que se proceda à sua atribuição sem que haja uma referenciação rigorosa e exaustiva dos fins a que o mesmo se destina. Não chega, neste caso, ficar-se pela mera indicação das áreas em que esse montante poderá vir a ser utilizado. O mesmo protocolo legitima ainda a atribuição à Basto Vida de outras verbas, eventualmente avultadas, para “investimentos necessários” cujo critério fica inteiramente à mercê de quem decide na instituição.
Ainda relativamente à proposta de Plano de Atividades da Basto Vida é também nosso entendimento que a conjuntura que atualmente vivemos aconselharia a que determinadas atividades, nomeadamente nas áreas do lazer, convívio e celebrações temáticas, fossem suprimidas, a bem da necessária contenção orçamental.
Julgamos, ainda, ser absolutamente pertinente esclarecer, neste ponto, que a atribuição de subsídios nos termos da alínea o) do artigo 33.º da Lei n.º 75/2013, de 12 de setembro, ao abrigo da qual a Câmara Municipal propõe a atribuição de um subsídio no valor de 480.000€ à Régie-Cooperativa Basto Vida, para o seu projeto de construção de uma Unidade de Cuidados Continuados Integrados a Pessoas Dependentes de Média Duração e Reabilitação, particularmente pelo avultado montante em questão, consubstanciará um tratamento preferencial que em nada abona em favor da transparência e da equidade de tratamento que se exige para com as restantes instituições, na eventualidade de em situações semelhantes virem a não ser tratadas de modo idêntico.

Mais continua o PSD a manifestar-se frontalmente contrário à participação da Câmara Municipal na estrutura e na gestão desta instituição. Ainda neste contexto, o PSD continua a não compreender o porquê da necessidade da Câmara Municipal continuar a insistir numa estratégia que consiste na tentativa de uma administração direta dos vários serviços, com particular enfoque na área social e da saúde.

Mais considera o PSD não estar a Câmara Municipal particularmente vocacionada para a prestação desses tipos de serviços pelo que deveria evitar imiscuir-se nesses sectores da forma como o vem fazendo, procurando antes assumir uma postura que, ao invés de concorrencial, fosse a de parceria séria e apoio efetivo às instituições de solidariedade já existentes, com provas dadas e realmente vocacionadas para o efeito e que no presente momento vivem sérias dificuldades que, nos próximos tempos, tenderão certamente a agudizar-se.

Saúda-se, por outro lado, a intenção da Câmara Municipal em estabelecer protocolos com as Juntas de Freguesia, esperando-se, contudo, uma efetiva equidade no tratamento a dar a todas elas. Aliás, a este propósito, consideramos que a Câmara Municipal deverá evoluir no sentido de, progressivamente e dentro dos limites legais, delegar nas Freguesias um conjunto crescente de competências, contribuindo desse modo para dotá-las de uma autonomia cada vez maior, potenciando e privilegiando, assim, a proximidade destas e dos seus responsáveis com as populações que servem e representam.

Salientamos também a intenção da Câmara Municipal em apresentar uma candidatura à UNESCO do Mosteiro de S. Miguel de Refojos a Património Cultural da Humanidade, facto que, a concretizar-se constituirá, para além de um enorme orgulho e reconhecimento do nosso património, uma oportunidade válida para a captação de investimentos e, sobretudo de um tipo particular de turismo que poderá constituir fonte de receita suplementar para o setor da restauração e comércio.

Assim, tendo em consideração a apreciação genérica do documento “Opções do Plano e Orçamento 2014” da Câmara Municipal de Cabeceiras de Basto, e muito embora o Partido Social Democrata tenha sido ouvido no âmbito do n.º 3 do artigo 5.º da Lei n.º 24/98, de 26 de maio (Estatuto do Direito de Oposição), o presente documento não é, de forma alguma, nem o nosso Plano, nem o nosso Orçamento. São muitos os aspetos com os quais não nos identificamos, bem como seriam marcadamente diferentes as estratégias e as opções que tomaríamos.

Apesar disso, atendendo à importância das Opções do Plano e Orçamento como instrumento fundamental para a ação do órgão municipal, entende o Partido Social Democrata dever garantir as condições mínimas, por via da abstenção, para a sua viabilização. Manter-nos-emos, contudo, permanentemente atentos à efetiva execução do plano e orçamento em apreço de forma a, oportunamente, sinalizar e alertar o executivo municipal para a ocorrência de eventuais desvios às propostas agora apresentadas.

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